22 janeiro 2023

Deboche elaborado



O que esperamos da vida senão um deboche bem elaborado,
Sem pedir licença ela salga,
Molha a face do digno e do passado
Só para lembrar da dor e da mágoa.

Pedi há anos, perdi, morri
E nas águas de mim chorei, quebrei,
Gritos internos que meus olhos abafavam
Na mágoa da insuficiência me despi.

Dias fúteis de brilhos e sons alucinantes
Busquei o que nunca encontrei em mim,
Na vida, no luxo, na música, fascinantes
São as coisas que fazemos pelo vazio de não pertencer.

Em últimos suspiros pedi socorro,
A vida me depôs em réu primário
Lembrando que tudo é temporário,
E a cada dia de vida, eu morro.

Pedi pro universo que me curasse
E em prece chorei meu desespero,
Salgadas são as águas do coração,
Um certo descontrole de exagero.

A fração do que imaginamos com força
Vem como lírio d'água na fome,
O enjoo de desgaste no pronome
Despe Minh 'alma com nuança.

E assim que o sol brilhou na alma,
O corpo reagiu ao réu do passado,
Cansado já da força sobreposta
Morreu a esperança em um suspiro calado.


Débora Cristina Albertoni

Nenhum comentário:

Postar um comentário