07 abril 2023

Olhos fechados



Deuses em dias claros levantam vinhos
Nublados, em negro céu erguem as mãos
Cura do passado não sobrepõe esses vãos
Marcados com sangue nos caminhos.

Os olhos vêem mas a alma enxerga,
Passos dos antepassados
Acorrentados e alastrados
Na vida, no nó que se posterga.

Meu coração é ferro
Que fundiu na base de damasco
Chega de nó, chicote e carrasco,
Que suga um grito, de vida, um berro.

Passa vida e você nem vê,
Olhos que enxergam em pupilas dilatadas
Poucos vêem as correntes passadas
De mão a mão o sofrimento é clichê.

Rimas oriundas do que se sente,
Em passos e cordas no pescoço
Que lá dentro do poço
A saída não é para cima, é na mente.

Antes que eu vá,
Axé nos pés e coração nas mãos
Leve na saia, roda em bençãos
Antes que meus olhos se fechem, se vão.

Débora Cristina Albertoni

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